A Ilusão da Resposta Certa: Três Perguntas que Conduzem Decisões com Consistência

 

Em um mundo corporativo que exige agilidade, clareza e resultados, é natural que profissionais e líderes se sintam pressionados a tomar decisões corretas — ou melhor, certas. Mas o que, de fato, define uma escolha certa?

Essa busca constante pela certeza absoluta pode, paradoxalmente, levar à estagnação. Em atendimentos clínicos e trabalhos com lideranças, percebo que muitos profissionais altamente capacitados ficam presos em dilemas internos, muitas vezes provocados por uma única expectativa: evitar o erro a qualquer custo.

Acontece que a vida — pessoal ou profissional — não é uma equação exata. O contexto muda, as variáveis se transformam e, com isso, esperar por uma resposta perfeita pode ser a mais imprecisa das escolhas.

O peso do arrependimento e a paralisia pelo passado

Entre as travas mais comuns no processo decisório, está o arrependimento. A sensação de que uma decisão do passado foi “errada” pode gerar um ciclo de cobrança e paralisia.

Mas o passado não se reescreve. E quanto mais tempo investimos tentando entender se agimos corretamente ontem, menos energia nos sobra para agir com sabedoria hoje.

A falsa dicotomia entre certo e errado

A vida não oferece mapas prontos. O que funciona para um não se aplica ao outro. Copiar decisões alheias ou esperar por validação externa pode parecer mais seguro, mas fragiliza o senso de autoria e responsabilidade.

Por isso, em vez de buscar a decisão certa, é mais útil trabalhar a clareza em torno de três perguntas fundamentais:

Três Perguntas-Chave para Decisões Consistentes

1. O que eu quero?

Essa pergunta ativa a consciência de desejo e direção. Estimula a autenticidade, a visão e o propósito.

2. O que eu posso?

Essa é a dimensão da realidade. Considera recursos, contexto, limitações e possibilidades concretas.

3. O que eu devo?

Aqui entra a ética, o compromisso com valores, pessoas e responsabilidades assumidas.

A Ferramenta: Tríade de Autogestão na Tomada de Decisão

Para aplicar essa reflexão de maneira prática, sugerimos um exercício simples:

PERGUNTA REFLEXÃO PESSOAL PLANO DE AÇÃO
O que eu quero? Qual o meu desejo mais legítimo nesse momento? Quais objetivos estou buscando?
O que eu posso? Diante do cenário atual, o que está ao meu alcance? Quais recursos posso mobilizar agora?
O que eu devo? O que é coerente com os meus valores e compromissos? O que eu preciso respeitar ou considerar?

Movimento é mais importante que perfeição

Como canta o Coldplay: “When you try your best, but you don’t succeed…”

Nem sempre dar o seu melhor significa obter o resultado ideal. Mas dar o seu melhor, com consciência, é o que permite o aprendizado e o amadurecimento.

Decidir é caminhar. E o caminho se constrói em movimento, não em certezas.

Leituras recomendadas

– Em busca de sentido, Viktor Frankl – um clássico sobre liberdade interior e sentido, mesmo em contextos extremos.

– Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, Stephen R. Covey – especialmente o capítulo sobre proatividade e responsabilidade pessoal.

– A coragem de ser imperfeito, Brené Brown – um convite ao autoconhecimento livre da exigência pela perfeição.

Se você é líder, profissional em transição ou alguém em busca de decisões mais coerentes, lembre-se: as melhores escolhas não são as certas — são as mais verdadeiras para quem você é e para o que você está disposto a viver.